A LUTA DOS POVOS CONTRA OS ARSENAIS NUCLEARES!
Há
71 anos, o mundo assistia horrorizado à inauguração do uso das armas
nucleares pelos Estados Unidos, no findar da Segunda Guerra Mundial. Há
sete décadas, o inimaginável atingia a humanidade de frente e marcava a
nossa história com uma mancha de terror que jamais poderá ser apagada,
em 6 e 9 de agosto de 1945.
Por Socorro Gomes*
O
primeiro emprego dessas armas de destruição em massa nos fez
impulsionar a luta comprometida que travamos ainda hoje, pela eliminação
completa de todo o arsenal nuclear e a proibição do seu
desenvolvimento. Por isso, todos os anos homenageamos o povo japonês no
martírio horrendo imposto a Hiroshima e Nagasaki, reafirmando nossa
determinação pela não repetição desta tragédia.
Entretanto, apesar das homenagens e da perplexidade com os fatos e
números desta história, em que entre 200 mil e 300 mil pessoas foram
massacradas pelos bombardeios nucleares estadunidenses -- ainda hoje
impunes e incólumes --, a nossa luta é contínua, enfrenta barreiras
gravíssimas e precisa ser promovida. O uso dos arsenais nucleares
enquanto instrumento de política externa, afinal, ainda é considerado
uma tática dissuasora por parte dos Estados Unidos e seus aliados na
Organização para o Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Apesar das manifestações dos povos de todo o mundo contra os arsenais
nucleares e das denúncias dos cidadãos de países detentores dessas
ameaças à humanidade, ou de países membros da OTAN altamente
militarizados, os mandatários do império ousam fazer apostas, jogar com
as vidas de milhões de pessoas e arriscar uma política de terror não só
modernizando suas armas nucleares como também esparramando esses
instrumentos de morte por diversos países. Através do programa de
"partilha nuclear" da Otan, os Estados Unidos mantêm hoje arsenais nas
suas bases militares europeias na Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e
Turquia.
O Conselho Mundial da Paz tem recobrado a campanha que lançou ainda em
1950, o Apelo de Estocolmo, pela eliminação completa dos arsenais
nucleares e de outras armas de destruição em massa. Há mais de seis
décadas, este apelo angariou as assinaturas de centenas de milhões de
pessoas preocupadas com a ameaça de aniquilação e a catástrofe que se
anuncia com o emprego dessas armas por líderes que se arrogam o papel de
donos do destino do mundo.
Se todas as ogivas nucleares forem contabilizadas, o total é de
aproximadamente 15.395 artefatos, de acordo com o Instituto
Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI). Apesar da ligeira
redução em comparação com o ano de 2015 -- em cerca de 500 ogivas --
especialistas têm apontado com preocupação para a modernização dos
arsenais, cuja capacidade de alcance e devastação é exponencial. O SIPRI
apontou, em junho deste ano, que os EUA planejam gastar US$ 348 bilhões
no período entre 2015 e 2024 para a manutenção e adaptação das suas
forças nucleares e US$ 1 trilhão nas próximas três décadas com a sua
modernização.
A entrada em vigor, em 1970, do Tratado de Não Proliferação Nuclear
(TNP), apesar do simbolismo das promessas, não significou grandes
compromissos em termos efetivos por parte dos detentores desses
arsenais. Hoje, 191 Estados são parte do tratado e 93 são signatários.
A cada cinco anos as conferências de revisão do TNP, cuja ambição é
aprofundar compromissos, debatem a proibição completa e os mecanismos de
verificação dessa abolição. Entretanto, os povos veem seu desejo por um
mundo livre da ameaça nuclear frustrado. Foi o caso da nona
conferência, realizada em 2015, que terminou sem qualquer avanço
efetivo, principalmente devido ao desacordo de Israel -- que não aderiu
ao TNP e é apoiado pelos EUA -- com a determinação de um prazo para a
declaração do Oriente Médio como zona livre de armas nucleares.
Por isso, as organizações que integram o Conselho Mundial da Paz têm-se
empenhado nas campanhas e ações envolvendo os povos de seus países na
luta pela eliminação desta ameaça à humanidade. Os crescentes
enfrentamentos e as guerras impostas pelos Estados Unidos e seus aliados
europeus, na sua política imperialista de dominação, saque e agressão,
têm gerado o ambiente de insegurança generalizada.
Devemos seguir mobilizando-nos contra a imposição desta lógica de
destruição e guerra. Juntos, homenageamos todas as vítimas das guerras,
os sobreviventes e os mártires dos bombardeios contra Hiroshima e
Nagasaki e todos os que continuam resistindo e exigindo o fim das
guerras e a abolição de todas as armas de destruição em massa.
Fortalecemos, assim, a solidariedade entre os povos na luta
anti-imperialista e pela paz.
*Socorro Gomes é presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.
Fonte: Vermelho
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