quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CORTE DE INVESTIMENTOS NA PETROBRAS INTENSIFICA RECESSÃO!

 A Petrobras anunciou, nesta terça (20), que pretende investir 74,1 bilhões de dólares entre 2017 e 2021, o que representa uma redução de 25% em relação à última revisão do Plano de Negócios e Gestão da companhia, divulgada em janeiro. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-BA), o corte nos investimentos na petroleira tem forte impacto na economia do país, aprofundando a recessão.

A empresa informou que, apesar do corte, sua prioridade continuará a ser a extração e produção de petróleo. A isso dedicará 82% de seus investimentos. Um total de 17% se destinará ao refino e o 1% restante, às demais operações. A redução dos aportes é ainda maior quando comparada com o plano de negócios da petroleira em 2014, de 220,6 bilhões de dólares em cinco anos.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a indústria de petróleo e gás é responsável pela geração de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

“A redução de investimentos da Petrobras implica então na ampliação do processo de recessão em nosso país. Intensifica esse processo recessivo e termina colocando em dificuldade um dos principais pontos da nossa economia, que é a exploração do pré-sal e a produção de petróleo e gás, que têm uma enorme capacidade de multiplicação na sua cadeia produtiva”, criticou o parlamentar.

Para ele, sob nova direção desde o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, a companhia vivencia uma volta no tempo. “Voltamos aos patamares dos governos anteriores a Lula e Dilma, que não faziam investimentos na Petrobras e que abriam o espaço estratégico das áreas de produção do Brasil para o capital internacional”, apontou. 
Durante os governos Fernando Henrique Cardoso, entusiasta das privatizações, a Petrobras passou por um processo de desmonte, que tinha como claro objetivo enfraquecê-la para justificar a sua venda à iniciativa privada. Agora, com o comando de Pedro Parente, a petroleira parece ter um déjà-vu.

Segundo Davidson Magalhães, a redução de investimentos representará queda na capacidade produtiva da petroleira, justamente quando o cenário se torna favorável ao Brasil. “Isso reduz a capacidade de produção de petróleo e gás da companhia, em um momento em que o petróleo está subindo de preço e em que a diferenciação entre o mercado interno e o mercado internacional favorece a nossa economia”, apontou.

Além do corte de investimentos, a estatal já anunciou várias outras medidas que denunciam a estratégia do desmonte. Entre elas, estão a venda de ativos, com o esfacelamento da Petrobras como empresa integrada, e um plano de demissão voluntária.

Nesta segunda (19), Parente também pediu autorização à Agência Nacional de Petróleo (ANP) para que a Petrobras seja dispensada de cumprir com seus compromissos de conteúdo local e possa, assim, contratar no exterior a plataforma do sistema piloto de Libra, na Bacia de Santos.

A ANP pediu informações adicionais à companhia para dar sequência à análise do pedido. O contrato de Libra prevê conteúdo local mínimo de 55%, mas um instrumento legal permite o perdão pelo não cumprimento dos compromissos em caso de falta de fornecedores ou de preços mais elevados do que no mercado internacional. 
De acordo com Davidson Magalhães (foto acima), a política de conteúdo nacional pode ter tido alguns equívocos na sua aplicação, mas, na essência, é extremamente positiva e deveria ser preservada.

“Ela evita que se crie aqui a doença holandesa, o problema de produzir para exportar e não agregar valor na produção [acarretando o declínio do setor manufatureiro]. A política de conteúdo nacional pode ser aperfeiçoada, mas isso não quer dizer negá-la. Muito pelo contrário, significa torná-la mais eficiente para fortalecer a cadeia produtiva”, opinou.

O parlamentar chama a atenção para o quadro geral no qual as polêmicas medidas anunciadas pela Petrobras se inserem. “Isso em no bojo de um encolhimento do papel das indústrias nacionais, de enfraquecimento da articulação do Estado e perda de direito dos trabalhadores. Representa uma nova ofensiva neoliberal no Brasil - e sem voto. É o golpe se materializando em uma ofensiva neoliberal”, resumiu.

Entre as ações da nova gestão da estatal questionadas por economistas, petroleiros e políticos, estão a venda de sua participação no bloco exploratório de carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, à estatal norueguesa Statoil, e da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que opera a malha de gasodutos da estatal. Agora, o novo Plano de Negócios e Gestão da companhia que prevê cortes confirma que a Petrobras abandonará atividades de produção de biocombustíveis, gás liquefeito de petróleo, fertilizantes e petroquímica.


 Do Portal Vermelho

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